terça-feira, 26 de agosto de 2008

Maçãs da minha desesperança


Ana Graziela Cabral

Hoje...

Hoje são claras as manhãs dos meus dias turvos
São perfumados os ipês dos meus campos fétidos
Sãos verdes as maçãs da minha desesperança
São cristalinas as águas dos lamaçais de meus medos.

Hoje minha vida é mais tranqüila em todo o seu caos
Minhas lembranças torturam menos meu ser insano
Meras saudades são o que restam de amores mortos
Ritos pagãos eu exorcizei do coração profano.

[Ontem]:

Ontem se foi, levando consigo o eu que eu era
Calando os silêncios do que eu nunca disse em gritos coléricos
Cortando as asas dos meus rasos vôos em longas quimeras
Secando as lágrimas que em correnteza levam meu corpo inerte

Amanhã?

Amanhã são só brumas, nuvens escuras, imprecisos borrões
Imóvel, estático, inalterável fruto do ontem que eu fui
Estalactites pingados, nos poros do meu peito pântano
Para sempre crivados, entre o meu presente e futuro pranto.

João Pinheiro, 07 de abril de 2007.

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