quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Púrpuras Pétalas de Ipê


Nos bosques que passo, vislumbro aturdida
Ramagens nos pastos tórridas, sem vida...
Mas ergo meus olhos e me encho de fé
Ao ver feito agulhas os brotos de folhas
Surgindo de inóspitos troncos de árvores noivas
Que antes foram púrpuras pétalas de ipê.

Vejo-me encardida da poeira dos anos
Como a folha ressequida, de infecundos gomos
Vertendo sua vida na morte do outono.

E folha que sou não me esvaio sozinha
Pois levo a poeira nos sulcos e linhas
Que outrora encardiu-me nos verões de outras sinas.

Padeço tão pálida aos olhos da lua
Trepido nos silvos de ventos, flâmulas
Esperando as gotas que em coro me arrastem
No pesado silêncio de uma noite de chuvas
Que far-me-ão humos de farturas parcas
Sobre o esquecimento de pesadas tumbas.

Patos de Minas / João Pinheiro, 25 de agosto de 2007.

Nenhum comentário: