quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Tempestade



Ana Graziela Cabral

Minha mãe garoa em meu colo, inerme...
(Meu pai relampeja aos meus olhos, intrépido)

Minha mãe inunda de prazer meu canto...
(Meu pai ofusca meu olhar com pranto)

Minha mãe alaga-me com seus cuidados...
(Meu pai ancora-me em seu condado)

Minha mãe me embala em suas águas mansas...
(Meu pai me castra com suas nuanças)

Minha mãe são flores no meu jardim...
(Meu pai o remorso que jaz em mim)

Pra minha mãe chuva, eu sou fina flor...
(Pro meu pai relâmpago, doentio amor)

Minha mãe, sou eu ave...
(Meu pai, eu lápide)

Eu sou a torrente de um nada inerte
Sem tempestade!

João Pinheiro, 07 de abril de 2007.

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